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O País das megaempresas
Cada vez mais, as empresas brasileiras ganham escala para competir em um mercado global ocupado por enormes grupos de empresas dos mais variados setores.
O Brasil está se tornando, em ritmo acelerado, um país com grande número de conglomerados empresariais de porte mundial. O anúncio da compra da Quattor pelo Braskem na sexta-feira foi a mais recente prova de que essa tendência se consolidou e deve crescer, reproduzindo um modelo que se fortalece em muitos países.
Cada vez mais, as empresas brasileiras ganham escala para competir em um mercado global ocupado por enormes grupos de empresas dos mais variados setores. Os bancos brasileiros, por exemplo, com seus resultados extremamente positivos nos últimos anos, são fortes candidatos à expansão internacional via aquisições. O Bradesco anunciou também na sexta-feira a compra do ibi no México e o Itaú Unibanco, já com presença expressiva em países como a Argentina, ronda o mercado britânico, em busca de oportunidades de compra que fortaleçam sua presença no exterior.
Há tempos essa postura prevalece em setores como a siderurgia, na qual a Gerdau tem presença externa de peso, por exemplo, e a CSN busca seu espaço no exterior. Há muitos outros exemplos, como a Weg, que se destaca na produção de motores e vários outros itens e desbravou mercados em outros países, a Marcopolo, de carrocerias, e a InBev, uma das maiores fabricantes de cerveja do mundo, só para lembrar três dos casos mais conhecidos.
O processo é irreversível, mas requer cuidados em relação ao direito de concorrência. A Braskem e a Petrobras ficaram praticamente donas da petroquímica brasileira depois que a empresa do grupo Odebrecht comprou a Quattor. Em outros segmentos, como o de cervejas, há o domínio absoluto da AmBev e por aí vai. Em todos os casos, comemora-se (com razão) a criação de megaempresas, que ajudam a colocar o Brasil entre as nações mais importantes da economia mundial. Mas, pergunta-se: como fica a concorrência? Até que ponto fornecedores e clientes não ficam prejudicados com essa concentração de setores em pouquíssimas mãos?
É uma questão sobre a qual vale a pena uma reflexão. Não se pode imaginar uma reversão dessa tendência de formar megagrupos, mas ao mesmo tempo é preciso lembrar que uma economia só tem desenvolvimento sustentado quando a concorrência está assegurada.