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BNDES prepara nova linha de crédito
Fonte: Folha de S.Paulo
Para contornar falta de financiamentos no mercado, banco vai fornecer capital de giro a empresas de diversos setores
Em mais uma tentativa de contornar a queda na oferta de crédito pelos bancos privados às empresas, o governo prepara agora, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), uma linha de capital de giro para oferecer a companhias de diversos setores econômicos.Já as empresas exportadoras que tiveram prejuízos por fazer apostas no mercado cambial poderão receber adiantamentos de parcelas de empréstimos que já tenham negociado junto ao BNDES. Essa seria uma maneira de ajudar as companhias sem, no entanto, parecer que o governo está oferecendo socorro financeiro.
Segundo a Folha apurou, a área técnica do BNDES já está detalhando como os empréstimos por meio dessa nova linha funcionariam. A oferta de mais dinheiro público seria a principal contribuição do banco de fomento para reduzir a falta de liquidez no mercado e segurar o crescimento econômico no ano que vem. a semana passada, o presidente Lula disse que não haverá socorro oficial a empresas quebradas. Ontem foi a vez de o ministro Guido Mantega (Fazenda) repetir o discurso. Na sexta, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o banco quer ajudar as empresas exportadoras que sofreram perdas com o câmbio.
Coutinho não detalhou como poderiam ser feitas as operações de empréstimo, mas mencionou que muitas grandes exportadoras contam com programas de investimento no BNDES. Ele citou a possibilidade de adiantar recursos para assegurar a liquidez. Outra hipótese seria a emissão de debêntures (títulos de dívida).
Na prática, porém, qualquer liberação de dinheiro, por meio de adiantamento, compra de debêntures ou mais capital de giro, funcionará como um socorro, pois recursos poderão ser usados para quitar os prejuízos no mercado de câmbio, uma vez que não há dinheiro "carimbado".
Os empréstimos do BNDES são normalmente liberados em etapas, de acordo com o andamento dos projetos. Entre as grandes exportadoras que anunciaram prejuízos, Sadia e Aracruz têm recursos ainda a receber do banco. Aracruz teve um financiamento aprovado no valor de R$ 595,9 milhões em 2006. Os recursos eram destinados a aumentar a capacidade de produção da unidade industrial de Barra do Riacho.
Já a Sadia obteve empréstimo de R$ 462,5 milhões no ano passado. O montante era destinado à construção de um complexo agroindustrial, em Lucas do Rio Verde (MT), com dois frigoríficos. Em 2005, a empresa já havia tido a aprovação de um outro financiamento do banco no valor de R$ 974 milhões. A decisão de liberar os recursos da nova linha de capital de giro dependerá ainda de uma avaliação mais detalhada do comportamento do crédito. Caso não veja melhora na situação ao longo de novembro, o dinheiro poderá sair ainda neste ano. A idéia, no entanto, é oferecer crédito a taxas de mercado, assim como o banco fez com a linha de financiamento para pré-embarque no começo de outubro.